Mareio

27/09/2014 22:20

Você mergulhador, acompanhante ou simpatizante do mergulho certamente já ouviu pessoas dizerem que enjoam ao andar de barco ou já devem ter visto pessoas no trajeto para o ponto de mergulho enjoado na embarcação, principalmente quando as condições do mar estão picadas e o balançar da embarcação é constante e irregular.

Pois bem, o nosso ouvido é composto de vários elementos que compõe um sistema que vai da captação dos sons ao equilíbrio. Os mergulhadores bem sabem da importância de todo esse sistema, pois precisam equalizar para mergulhar.

Na parte mais interna do ouvido, temos uma estrutura pequena de cada lado de suma importância para nós, que se chama vestíbulo e é responsável pelo equilíbrio. Essa estrutura lembra o formato do molusco Nautilus, ou seja, um caracol, repleto de líquido e cristais que ao menor estímulo são mobilizados e esses movimentos são captados por milhares de sensores que levam essa informação ao cérebro onde são devidamente processadas e elaboradas, podendo perfeitamente nos dar a nossa orientação em relação ao ambiente onde estamos. É por este sistema que mesmo de olhos fechados, podemos identificar se estamos de cabeça para baixo ou não em relação ao meio ambiente.

Se houver algum distúrbio no processo de levar as informações ao cérebro, como por exemplo, um processo inflamatório como na labirintite, elas se perdem ou chegam de forma truncada e a interpretação desses dados fica prejudicada e, por conseguinte a resposta emitida pelo cérebro será tão confusa que a pessoa pode perder o equilíbrio.

Quando estamos na embarcação enfrentando um mar adverso e o balanço constante e irregular, as mensagens enviadas pelo vestíbulo chegam em número excessivo ao cérebro que acabam por provocar um aglomerado de dados, congestionando o sistema, advindo então a náusea muita das vezes acompanhada de vômitos. O mareio é uma condição clínica que afeta alguns mergulhadores e acompanhantes podendo transformar por algum momento o passeio ou a atividade de mergulho em algo menos agradável.
 
Certamente você já ouviu de alguém dentro da embarcação alguma sugestão ou indicação de tratamento, tais como pulseira contar enjôo, mascar gengibre, friccionar álcool nos pulsos, deitar no banco e por fim os anti-heméticos como Dramin, Plasil, Tryptone. Quanto aos primeiros, não conheço nenhuma comprovação científica que os fundamente. Quanto aos anti-heméticos, são drogas que podem provocar sonolência, tem por volta de 06 a 08 horas de vida média, não são de efeito imediato, precisam de pelo menos 30 minutos para ser absorvidos, portanto deve ser tomada meia hora antes do embarque. È de bom alvitre lembrar que receitar é um ato médico, sendo assim consulte um antes de tomar qualquer medicação.

Algumas orientações para o mareio têm-se mostrado de algum valor, como por exemplo, permanecer no centro do barco, pois as extremidades balançam mais e na popa há também o odor de óleo diesel do motor; olhar fixamente no horizonte ou para um lugar/objeto distante, ajuda a diminuir as informações para o cérebro. Evite baixar a cabeça ou ficar olhando para objetos dentro da embarcação. O fator psicológico tem forte influencia principalmente o de repetir situações semelhantes anteriores, portanto não ficar matutando sobre o mareio. Para o mergulhador que mareia, o mesmo deve montar o seu equipamento antes do barco sair e assim que o os procedimentos de ancoragem estiverem terminados, pular na água, relaxar e pedir para passarem o seu conjunto scuba para equipar-se.

Nem todas as pessoas mareiam, porque cada indivíduo tem as suas próprias características, a sua herança genética, seu organismo é uno, portanto as informações são processadas de forma individual. Devemos sim respeitar os nossos limites, repetir as medidas que funcionaram para o próprio mareio que não será o mesmo para o seu dupla, por exemplo, e curtir uma das mais belas e prazerosas atividades esportivas e de lazer: Mergulhar.